sexta-feira, 29 de maio de 2009

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Lápis, borracha e teclado: tecnologia da informação na educação. Brasil e América Latina. Ministerio da Educação (MEC), Inst

Olá pessoal, desculpa não estar postando ultimamente aqui no meu Blog,mas estamos em fase de revisão da parte teórica da nossa pesquisa e estou editando um vídeo sobre os pesquisadores do Observatório, mas em breve volto com toda a força!

Estou terminando de ler o livro "Lápis, borracha e teclado: tecnologia da informação na educação" e achei interessante destacar algumas considerações finais relatadas pelo autor a respeito do mundo digital de hoje. Julio Jacobo realiza um estudo sobre a situação das Tecnologias da Informação e da Comunicação -TIC- no Brasil, na América Latina e no mundo para dimensionar as diversas brechas entre os que têm e os que não têm acesso ao mundo digital, com especial ênfase no campo educacional.Muito interessante!Não colocarei abaixo a pesquisa em números, mas quem quiser entender melhor e ter acesso aos dados é legal ler o livro ok?

“Na última década, tem se incentivado enormemente a utilização do conceito de brecha digital para indicar a divisão entre os que acessam e os que não acessam o mundo digital, o universo do computador ou da Internet. A brecha digital nada mais é do que uma nova forma de manifestação das tradicionais diferenças e divisões existentes em nossas sociedades e no mundo.” (Pag 101)

Foi constatado através de pesquisas que no Brasil existem brechas internas originadas por diferenças de renda ou por desigualdades regionais, muito mais profundas do que as brechas que separaram o Brasil dos países avançados do mundo. A Suíça tem um índice de acesso à Internet 340% maior que o Brasil, mas essas fraturas internas são bem mais significativas entre os Estados brasileiros: 440% e entre os grupos de menor e maior renda, as diferenças são de 15.300%.

“Existe um crescente entendimento que o investimento em conhecimento e sua difusão efetiva no campo produtivo e na sociedade são as chaves atuais do crescimento econômico e do desenvolvimento sustentado. Outro dos pilares nessa estratégia das transformações necessárias é a educação. A compreensão dessa equação informática/ desenvolvimento leva a centrar as preocupações na informatização da sociedade desde a infância, a partir das escolas, em uma perspectivade múltiplas intenções:

- melhorar a qualidade de ensino em geral;
- propiciar o ingresso, desde cedo, na cultura digital;
- dar aos indivíduos melhores condições de inserção futura no mercado de trabalho;
-tornar nossas sociedades mais engajadas no contexto internacional.

“Mas, tornar realidade essas intenções exige a mobilização de vultosos recursos, não só em equipamentos, mas também em infra-estrutura (de comunicação, elétrica, construção de locais apropriados, como laboratórios de informática etc.), capacitação de recursos humanos, criação de conteúdos apropriados (portais e conteúdos educacionais, software educacional, etc.).” (Pag 15).

“Devemos estar cientes de que também no campo digital, da mesma forma que nas outras áreas da saúde, educação, segurança alimentar etc., trabalhar para reduzir ou para eliminar as diferenças é trabalhar para enfrentar as desigualdades no mundo e criar uma sociedade mais justa para seus membros. Se não tomamos decisão ou atuamos a respeito, se não formulamos ou apoiamos firme e decididamente medidas que diminuam a brecha ou que limitem sua consolidação, estaremos só reforçando o círculo perverso da exclusão.” (Pag 102)

Sobre as estratégicas para encurtar essas brechas, parece existir certo consenso sobre a necessidade da configuração de pelo menos três processos paralelos, articulados e mutuamente dependentes:

-O desenvolvimento e a consolidação da infra-estrutura de acesso. Essa dimensão provavelmente concentrou a maior parte das energias e recursos financeiros das políticas públicas e, muitas vezes, dos investimentos privados no setor.Mas já existem muitas evidências indicando com clareza que esse primeiro passo, condição necessária, está longe de ser suficiente para a incorporação efetiva de significativos setores da população, principalmente os de baixa renda. Resulta imprescindível ainda:

-O desenvolvimento das competências básicas, iniciais, na população, que possibilitem a apropriação real do novo instrumental tecnológico. As análises realizadas com os dados do PISA 2003 evidenciaram, de forma inequívoca, que não é a disponibilidade de computadores, tampouco de infra-estrutura, que faz a diferença. O que se mostrou significativo é, em primeiro lugar, o domínio das habilidades básicas para o uso do computador (não as aptidões avançadas) e, em segundo lugar, tempo e experiência no uso de computador.Esse fato estaria representando a configuração de uma cultura digital mínima como condição de apropriação efetiva do instrumento.

-E, por último, o desenvolvimento de “conteúdos” úteis, de interesse para a população e apropriados às novas tecnologias.” (Pags 102 e 103)

“Deixamos para um último apontamento um fato preocupante: espaços que deveriam promover a democratização do acesso ou incluir setores da população sem acesso, como escolas e centros gratuitos, pelos dados disponíveis, beneficiam em maior medida os grupos privilegiados, indicando problemas na concretização das políticas públicas para o setor que deveriam ser ainda melhor diagnosticados pelos órgãos responsáveis.” (Pag 107)

"Mas também foram encontrados resultados positivos qualitativos. A comunicação escolar considera que as tecnologias têm impacto positivo na aprendizagem dos alunos. Segundo os professores, o desempenho dos estudantes em diversos temas e nas habilidades consideradas básicas )cálculo, leitura e escrita) melhoram com o uso das TIC. Pesquisa de âmbito europeu comprova que 86% dos professores entrevistados declararam que os alunos se mostram mais motivados e atentos quando são usados computadores e Internet nas aulas. Várias outras pesquisas também concluem que as TIC têm fortes efeitos motivacionais e resultados positivos nos comportamentos dos alunos, além de incentivar os trabalhos em grupo e a colaboração entre os estudantes.” (Pag 106)


Referência:

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Lápis, borracha e teclado: tecnologia da informação na educação. Brasil e América Latina. Ministerio da Educação (MEC), Instituto Sangari e Rede de Informação Tecnológica Latino-americana, RITLA, 2007.

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